sexta-feira, 8 de abril de 2016

Editorial: Jardim Botânico, por uma questão de justiça

Por Rose Marques - Presidente do Movimento Comunitário do Jardim Botânico - 07/04/2016
Movimento Comunitário do Jardim Botânico


Poucas regiões do mundo têm características geográficas e urbanísticas como a Região Administrativa do Jardim Botânico, ou seja, micro comunidades organizadas, na maioria com gestão democrática e independência administrativa intramuros. Condomínios mais organizados e com bons gestores conquistaram uma invejável qualidade de vida urbana que hoje é desejada pelas classes mais elevadas.

Atualmente, a comunidade do Jardim Botânico concentra as famílias com maior renda per capita do DF, segundo a CODEPLAN, órgão do GDF responsável pela pesquisa de domicílios. Também é a comunidade com maior número per capita de pessoas com mestrado, doutorado e pós doutorado, ou seja, grande formadora de opinião. Sua população é heterogênea, com pessoas bem pobres nas áreas fronteiriças à São Sebastião, e bem ricas, em alguns dos muitos condomínios horizontais.

Tem sido, e ainda é, estigmatizada como “terra de grileiros”, apesar de ter mais de 70% de suas residências e comércio em áreas comprovadamente particulares, ou já regularizadas junto ao governo, diferentemente de outras RA’s,  que não chegam a 50%. É também a comunidade que mais paga impostos per capita do DF e que tem o menor retorno do investimento que faz no governo. Não tem escolas, posto de saúde, bombeiros, batalhão de polícia, delegacia, nenhum equipamento público. Também não participa das campanhas de governo e, para ser atendida pelo poder público, precisa se submeter aos vizinhos, principalmente São Sebastião e Lago Sul.

Sua Administração Regional está praticamente inativa, apesar do esforço dos poucos servidores e do atual administrador interino que responde pela RA do Lago Sul. Processos administrativos estão atrasados, sua sede está alocada de favor em um prédio da região e não param de aumentar reclamações. Dentro deste contexto a  comunidade resolveu se unir para, por si mesma, tentar resolver alguns de seus problemas, algo que até então nunca tinha feito. Surge o Movimento Comunitário do Jardim Botânico, ou Movimento, como ficou conhecido.

O Movimento é uma associação já estabelecida como Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP), sem fins econômicos, de direito privado, apartidário, com autonomia administrativa e financeira, que tem suas contas divulgadas publicamente e auditadas pelo Ministério da Justiça, diferentemente da maioria das instituições de Terceiro Setor. Nasceu no início de 2015, fruto de reuniões comunitárias, as quais revelaram o senso de unidade de alguns moradores e das principais lideranças comunitárias da Região, entre síndicos dos principais condomínios, diretores de cooperativas habitacionais, presidentes de Associações e empresários. 

O objetivo era combater a situação de abandono imputada pelo novo governo que se formava.  Desta unidade e da percepção de sua própria força comunitária, o movimento comunitário se institucionalizou em setembro de 2015 e se transformou em Movimento, com “M” maiúsculo. Sua proposta básica é integrar a comunidade do bairro, organizar as demandas comunitárias e, principalmente, viabilizar mecanismo próprios de soluções dos problemas da comunidade.

Atualmente, tem protagonizado ações de significância para a comunidade, mobilizado a imprensa para registrar os principais problemas da cidade e organizado eventos. Criou seu próprio jornal comunitário e já prepara ações objetivando estimular o empreendedorismo. Com isso, vem se consolidando como legítima representação da comunidade do Jardim Botânico, alternativa para solução dos muitos problemas da gestão pública. 

O trabalho atual é desenvolvido na esperança de que os gestores do atual governo voltem seus olhares para essa região que, apesar de rica pagadora de impostos para o DF, é a mais pobre de ações públicas e retorno do seu investimento no Estado.

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