sexta-feira, 24 de junho de 2016

AGEFIS retira quiosques do Mangueiral

Da Redação do MCJB - 24/06/2016
Foto: Movimento Comunitário do Jardim Botânico - MCJB

Em uma ação surpresa, AGEFIS retira dezenas de quiosques do Jardins Mangueiral e notifica reboques para saírem em até 24 horas. Ambulantes reclamam de truculência e falta de negociação, mas muitos moradores comemorarm a ação.

A manhã desta quinta (23) foi de prejuízo para vários ambulantes do Jardins Mangueiral. Em uma ação surpresa, fiscais da AGEFIS chegaram com carros e caminhão recolhendo tendas, quiosques e barracas que serviam de abrigo para ambulantes que vendiam os mais diversos produtos.

Ambulantes reclamaram da truculência dos fiscais e da falta de uma notificação. Muitos afirmam que estão há mais de 4 anos trabalhando no local e que havia uma autorização dada pela Administração de São Sebastião, que foi revogada. Afirmam que o bairro é carente de comércio e os quiosques já fazem parte do dia a dia da comunidade, além de empregarem muitos trabalhadores e serem o sustento de várias famílias. "Só tenho essa renda, quero pagar meu imposto, pagar tudo certinho (...) sou morador do Mangueiral e assinei na compra que queria ser comerciante no bairro, mas só quem consegue pagar o aluguel absurdo daqui são grandes empresas, todas de fora", reclamou Pedro Moraes, que tinha um churrasquinho em frente à quadra 10 e a esperança de montar sua empresa perto de casa. Já sua esposa, Sheila Monte, afirmou que "havia um projeto para os quiosqueiros, três em cada quadra, uma promessa do consórcio do Jardins Mangueiral que nunca foi cumprida (...) só queremos a regularização", reclamou.

Os ambulantes afirmam ter o apoio de moradores e vão pedir ajuda de todos para voltarem a trabalhar. "Os moradores do Mangueiral nos apoiam (...) vamos tentar fazer um abaixo assinado para conseguir apoio para uma maior rapidez na regularização (...) não fomos notificados e os fiscais foram muito truculentos e agressivos, não precisava, não estão lidando com bandidos e sim com trabalhadores e pais de família", reclamou outro ambulante que se identificou apenas como Pedro e que trabalha vendendo pizza em frente à quadra 4.

Comunidade dividida
A comunidade do Mangueiral está dividida. Muitos defendem os ambulantes, mas outros reclamam dos problemas que o bairro sofre com o comércio irregular. Uma das principais reclamações refere-se a sujeira deixada pelos ambulantes e ao barulho causado. Alguns relataram até uso de megafones tarde da noite para divulgar serviços.

Outra insatisfação relatada ao Blog é o som alto e a ocupação de parte do estacionamento público. O principal comércio do bairro e local do único mercado tem poucas vagas e algumas eram ocupadas por ambulantes. “Muitas vezes os ambulantes ficam tarde da noite vendendo bebidas e atraindo carros com som alto, incomodando os moradores (...) e também temos poucas vagas no comércio e muitos ambulantes ocupam essas poucas vagas para montar suas barracas”, reclamou uma moradora que não quis se identificar.

Muitos moradores assumem que fizeram denúncias na AGEFIS por causa dos abusos dos ambulantes e tem se manifestado em redes sociais apoiando a ação de fiscalização. Os ambulantes, porém, afirmam que a denúncia partiu dos comerciantes da região, que querem afastá-los para vender produtos mais caros e aumentar lucros.

Os "quiosqueiros", como se apresentaram ao Blog, afirmam que vão procurar a Associação dos Amigos do Jardim Mangueiral - AAJM e tentar resolver a situação junto à administração do Jardim Botânico. O presidente da AAJM, Paulo Isidoro, respondeu ao Blog informando que o maior erro foi o GDF não ter liberado as áreas comerciais simultaneamente à chegada dos moradores, que ficaram desassistidos. Essa carência foi suprida pelo comércio dos ambulantes e quiosqueiros.

“O bairro Jardins Mangueiral, apesar de ser um bairro planejado, sofre com a falta de comércio (...) por isso os ambulantes se instalaram e têm suprido essa carência, mas de forma desorganizada, o que gerou diversas reclamações de alguns moradores (...) tentamos, em reuniões com o administrador interino do Jardim Botânico, agilizar a regularização dos quiosqueiros e ambulantes, mas não temos controle sobre a insatisfação de alguns moradores que fizeram a denúncia para a AGEFIS antes de finalizarmos essas negociações”, afirmou o presidente Paulo.

Paulo Isidoro afirmou que compreende os trabalhadores que ficaram sem sua renda e respeita a opinião dos que não querem a presença dos ambulantes. Por isso, se comprometeu a buscar junto com a Administração Regional do Jardim Botânico e a AGEFIS uma solução definitiva para que os ambulantes tenham uma área no bairro para que possam trabalhar regularmente.

Foto: Movimento Comunitário do Jardim Botânico - MCJBA Administração do Jardim Botânico afirmou ao Blog que não sabia da operação e recebeu vários ambulantes que foram reclamar da forma como a ação aconteceu. O chefe de gabinete, Normando Feitosa, afirmou que vai marcar uma reunião com a AGEFIS e os proprietários dos quiosques para tentar achar uma solução para o problema.

O que diz a AGEFIS

A AGEFIS, ouvida pelo Blog, informou que a ação não foi repentina. Há cerca de quatro meses atrás, auditores da agência de fiscalização estiveram no local e notificaram todos que comercializavam mercadoria em área pública sem autorização.

Ontem (23), a mesma equipe de auditores voltou para realizar nova vistoria e confirmar se haviam sido cumpridas as notificações. Constatado que as irregularidades persistiam, os auditores lavraram cinco autos de apreensão (tendas) e cerca de 25 outras estruturas obedeceram a ordem de retirada data pelos fiscais.

2 comentários:

Acho que a coisa não pode virar bagunça. Tem que ser tudo dentro nas normas de higiene e civilidade.

Parabéns à AGEFIS pelo excelente trabalho, que busca a defesa da boa prestação de atividades econômicas e das boas práticas sanitárias. É compreensível a situação dos ambulantes, mas estão ali irregularmente, causando transtornos de poluição sonora, de resíduos sólidos, além de não pagarem impostos e reduzirem o número de vagas já escasso. O bairro é de classe média, não foi prevista a existência de feira. Agora, cabe ao Consórcio JM e à Administração Pública viabilizar a edificação e o funcionamento de áreas comerciais regulares e ordenadas.

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