quarta-feira, 1 de junho de 2016

Sai pesquisa da CODEPLAN sobre JB: erros desagradam

Da Redação do MCJB - 01/06/2016
Foto: Movimento Comunitário do Jardim Botânico
Saiu nesta terça, 31, a Pesquisa Distrital por Amostra de Domicílios (PDAD), ano 2016, da CODEPLAN. Os dados da pesquisa, para o Jardim Botânico, mostraram decréscimo em alguns índices. Os erros sistemáticos e a baixa percepção com relação à segurança, uma das mais baixas do DF, desagradaram.


A Companhia de Planejamento do Distrito Federal (CODEPLAN) divulgou nesta terça-feira (31), a Pesquisa Distrital por Amostra de Domicílios (PDAD), de 2016,  da região do Jardim Botânico. A apresentação ocorreu para um auditório esvaziado, com apenas três representantes da comunidade. Mostrou dados sociais ainda elevados, mas com queda significativa, comparados à última pesquisa de 2013.


A percepção da população quanto ao policiamento é uma das mais baixas de todo DF, com apenas 4,81%. Planaltina, por exemplo, tem 34,10%, e Ceilândia, 52,67%. Este índice reflete a falta de policiamento da região, o que vem sendo sistematicamente denunciado pelo Movimento e pelo CONSEG-JB. Rose Marques, presidente do Movimento, interviu e informou aos presentes que “há um único posto no Jardim Botânico, que fica muito tempo fechado, além de que as rondas são esporádicas e diminuíram muito nos últimos tempos, ao contrário da violência, que subiu.”


O diretor-presidente da Codeplan, Lucio Rennó, destacou que “o dado (da baixa percepção de policiamento) salta aos olhos por ser muito inferior às demais regiões administrativas com a mesma faixa de renda”


Caracterização da população


Apesar de mostrar ainda dados sociais elevados, se comparados às demais comunidades do DF, houve uma queda em relação à última pesquisa de 2013.


A renda mensal domiciliar caiu de R$16.409,00 para R$ 12.457,33. Mesmo assim continua entre as mais altas do DF, uma das poucas acima de 14 salários mínimos. No caso da renda per capita, o índice por pessoa caiu de R$5.059,00 em 2013 para R$ 3.930,39.


Os dados mostram que o Jardim Botânico continua sendo uma das regiões com maior nível educacional do DF. Tem ensino superior completo 47,68% de sua população, incluindo especializações, mestrado e doutorado, a segunda mais alta no quesito escolaridade entre as demais regiões administrativas pesquisadas. Esse foi mais um dado que mostrou queda,  em comparação à 2013, quando 49,14% declaravam nível superior.


Apesar do alto índice de escolaridade, o bairro não tem qualquer tipo de escola ou faculdade pública, o que indica que seus moradores precisam se deslocar para outros locais.


Estudo e trabalho fora da região administrativa é uma das possíveis causas para outro dado que também chamou a atenção do diretor-presidente da CODEPLAN: o uso de carros. Segundo Lucio Renno, “também é preocupante a dependência que o morador do bairro tem de automóveis para se deslocar”.


Quanto aos dados sobre equipamentos públicos, o resultado já era esperado pela comunidade. Repetiram-se as conclusões da pesquisa de 2011 e 2013. O resultado mostra que o GDF não investiu na construção de equipamentos públicos na região, no sentido contrário dos altos impostos pagos por uma população de alta renda.


Somente agora, em 2016, o GDF direciona investimentos para a região, iniciados com o Parque Vivencial do Jardim Botânico 3, anunciados com a presença do governador, no último dia 18 de maio (relembre aqui).


Erros e dados divergentes


Escola que não existe, fotos do Lago Sul, número de condomínios e limites geográficos errados foram alguns dos problemas com a apresentação que desagradaram os que estiveram presentes.


Foto: Agência BrasíliaO Movimento, em reunião com a Administração Regional do Jardim Botânico e o presidente da CODEPLAN, em março deste ano (relembre aqui), já havia alertado para o erro de relatórios do PDAD de 2013 e 2014 que, em seu texto de abertura, apresenta a “existência de 23 condomínios fechados horizontais, situados entre o Lago Sul e São Sebastião, áreas anteriormente pertencentes às fazendas Taboquinha e Papuda” (confira aqui na pg. 16). O Movimento mostrou mapas que confirmavam a existência de mais de 60 parcelamentos horizontais, ao estilo condominial.


Foi também apresentada à CODEPLAN a Portaria nº 4, elaborada em conjunto pela Secretaria de Gestão do Território e Habitação (Segeth) e  Administrações Regionais de São Sebastião, Santa Maria e Jardim Botânico. A portaria apresenta uma delimitação do Jardim Botânico (ver aqui), que foi ignorada pela CODEPLAN, com o argumento de que somente o PDOT (Planos Diretores de Ordenamento Territoriais) poderá alterar.  


Um dos técnicos da CODEPLAN justificou: “Tivemos que seguir as mesmas áreas contempladas no PDAD de 2013, para não perder o efeito comparativo das pesquisas (...) só vamos poder mudar essas áreas quando for votado o PDOT (Planos Diretores de Ordenamentos Territoriais) (...) vocês tem que questionar a Câmara Legislativa e não nós, essa é uma questão política”.


O argumento não convenceu, até porque não souberam explicar por que a nova pesquisa incluiu regiões como a Vila do Boa, notoriamente pertencente a São Sebastião, e excluiu o Jardim Botânico 3. Isso muda a perspectiva com relação aos investimentos, que estão sendo iniciados pelo GDF no JB III. Se ele está fora do Jardim Botânico, o bairro continua sem investimentos.


Com a delimitação divergente, a CODEPLAN apresenta uma população de 27.364 habitantes, um pequeno aumento em relação aos 25.302 habitantes,  mostrados em 2013,  bem divergente dos 64.000 habitantes, número estimado de moradores apresentado pela Administração Regional do Jardim Botânico,  que apresentou em planilha o resultado de pesquisa feita por ela.


Também foi apresentada uma escola pública como sendo da RA Jardim Botânico, localizada dentro do Parque Nacional do Jardim Botânico de Brasília, que atende crianças do Plano Piloto e de São Sebastião. A escola foi alardeada como um ícone do Estado na região mais carente de equipamentos públicos do DF, mas a informação foi prontamente contestada pela comunidade presente, que informou não haver escolas no Jardim Botânico, erro que a CODEPLAN atribuiu à SEGETH, mas prometeu reparar no relatório que ainda será publicado.


Também ficou sem explicação a divergência com os dados apresentados pela CODEPLAN na pesquisa e os mesmos dados, publicados na internet. O relatório diz uma coisa, a apresentação, outra. Exemplo é a renda domiciliar média de 2013, apresentada no valor de R$ 16.409,00, mas, no relatório publicado, para o mesmo ano, é de R$ 14.058,01 (confira aqui relatório de 2013 publicado na página da CODEPLAN).


Ao final da apresentação, os diretores do Movimento solicitaram que a CODEPLAN, mesmo não considerando a Portaria nº 4, referendasse o estudo da Administração Regional do Jardim Botânico, que contempla outras áreas não constantes no estudo do PDAD de 2016. O diretor-presidente Luiz Rennó afirmou que não compete à CODEPLAN referendar dados de outros órgãos do GDF, mas se comprometeu a ajudar no estudo e analisar tecnicamente os dados compilados.


O problema central é que, sem as demais áreas da Portaria, todos os índices apresentados pela CODEPLAN estão errados.

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