Por Rose Marques - Presidente do Movimento Comunitário do Jardim Botânico - 07/04/2016
Poucas regiões do mundo têm
características geográficas e urbanísticas como a Região Administrativa do
Jardim Botânico, ou seja, micro comunidades organizadas, na maioria com gestão
democrática e independência administrativa intramuros. Condomínios mais organizados
e com bons gestores conquistaram uma invejável qualidade de vida urbana que hoje
é desejada pelas classes mais elevadas.
Atualmente, a comunidade do
Jardim Botânico concentra as famílias com maior renda per capita do DF, segundo a CODEPLAN, órgão do GDF responsável pela
pesquisa de domicílios. Também é a comunidade com maior número per capita de pessoas com mestrado,
doutorado e pós doutorado, ou seja, grande formadora de opinião. Sua população
é heterogênea, com pessoas bem pobres nas áreas fronteiriças à São Sebastião, e
bem ricas, em alguns dos muitos condomínios horizontais.
Tem sido, e ainda é, estigmatizada
como “terra de grileiros”, apesar de ter mais de 70% de suas residências e
comércio em áreas comprovadamente particulares, ou já regularizadas junto ao
governo, diferentemente de outras RA’s, que não chegam a 50%. É também a comunidade
que mais paga impostos per capita do
DF e que tem o menor retorno do investimento que faz no governo. Não tem
escolas, posto de saúde, bombeiros, batalhão de polícia, delegacia, nenhum
equipamento público. Também não participa das campanhas de governo e, para ser
atendida pelo poder público, precisa se submeter aos vizinhos, principalmente
São Sebastião e Lago Sul.
Sua Administração Regional está
praticamente inativa, apesar do esforço dos poucos servidores e do atual
administrador interino que responde pela RA do Lago Sul. Processos
administrativos estão atrasados, sua sede está alocada de favor em um prédio da
região e não param de aumentar reclamações. Dentro deste contexto a comunidade resolveu se unir para, por si
mesma, tentar resolver alguns de seus problemas, algo que até então nunca tinha feito.
Surge o Movimento Comunitário do Jardim Botânico, ou Movimento,
como ficou conhecido.
O Movimento é uma
associação já estabelecida como Organização da Sociedade Civil de Interesse
Público (OSCIP), sem fins econômicos, de direito privado, apartidário, com
autonomia administrativa e financeira, que tem suas contas divulgadas
publicamente e auditadas pelo Ministério da Justiça, diferentemente da maioria
das instituições de Terceiro Setor. Nasceu no início de 2015, fruto de reuniões comunitárias,
as quais revelaram o senso de unidade de alguns moradores e das principais
lideranças comunitárias da Região, entre síndicos dos principais condomínios,
diretores de cooperativas habitacionais, presidentes de Associações e
empresários.
O objetivo era combater a situação de abandono imputada pelo novo
governo que se formava. Desta unidade e
da percepção de sua própria força comunitária, o movimento comunitário se institucionalizou
em setembro de 2015 e se transformou em Movimento, com “M” maiúsculo. Sua
proposta básica é integrar a comunidade do bairro, organizar as demandas
comunitárias e, principalmente, viabilizar mecanismo próprios de
soluções dos problemas da comunidade.
Atualmente, tem protagonizado
ações de significância para a comunidade, mobilizado a imprensa para registrar
os principais problemas da cidade e organizado eventos. Criou seu próprio jornal comunitário e já prepara ações objetivando estimular
o empreendedorismo. Com isso, vem se consolidando como legítima representação
da comunidade do Jardim Botânico, alternativa para solução dos muitos problemas
da gestão pública.
O trabalho atual é desenvolvido na esperança de que os gestores do atual governo voltem seus olhares para essa região que, apesar de rica pagadora de impostos para o DF, é a mais pobre de ações públicas e retorno do seu investimento no Estado.
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